domingo, 17 de setembro de 2017

Passaram os domingos e a vida

Quando criança, todos os domingos eram dias em que a família toda se reunia à mesa para o almoço. Era aquele o dia da semana em que o compromisso de todos era está em casa àquele horário. Minha mãe costumava sair cedinho para a feira, a fim de comprar os mantimentos  da semana e o famoso ‘corredor de boi’ para o preparo do famoso pirão. Eu pensava, então, que o domingo era o ‘dia mundial do pirão’, já que sempre aos domingos saia de cena o feijão com arroz para dar vez àquela comida diferente.





Minha memória põe reunidos minha avó Quitéria (que morava conosco), meu pai (em sua cadeira de patriarca na qual mais ninguém podia sentar), minha mãe às voltas com o serviço, garantindo que os sete filhos mais alguns outros meninos da vizinhança se alimentassem, e momentos inesquecíveis que ficaram apenas na memória.

De lá para cá a feira deixou o domingo pela véspera, minha avó e meu pai deixaram esta existência, bem como alguns dos amigos. A família cresceu com a chegada de netos e bisnetos aos montes, mas os domingos foram reduzidos a encontros esporádicos e mais rápidos do que gostaria.

Eu, tão logo descortinei as janelas da casa, me aventurando nos paços externos e em outras casas, descobri que o ‘dia mundial do pirão’ era só lá em casa. E que a família era o mundo da minha infância. E o pirão era a desculpa para estarmos todos juntos, como família e como amigos.

O tempo passou.

E a vida nunca mais se repete.

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