segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

O SILÊNCIO FALA


Um dia, para lá do tempo que passou, com as ondas do mar lavando meus pés enquanto eu cantarolava sobre fazer “isso pra esquecer” e deixar “a onda me acertar” ao passo em que  o vento ia “levando tudo embora”, com a melancolia típica de um jovem reflexivo, que pensava na vida mais do que deveria, pulando uma fase na qual poderia dar pouca atenção às seriedades que lhe eram cobradas, pensei mais uma vez que o destino me reservava uma morte em breve idade, quando já fosse tão cedo para esse tempo e tão tarde para tanto amar.

Anos depois, o Vento no Litoral ainda me emociona. Não mais da forma que àquela época, na pedra que canta, mas de modo apenas a lembrar de velhos tormentosos e maravilhosos momentos, amores e aventuras (bem) vividas. Agora, já não sei se ainda é cedo para morrer, ou se já tardou. Não acredito mais em muito do que almejava naquele tempo. As percepções mudaram e descobri que algumas coisas só têm um tempo para serem experimentadas. E esse tempo é o agora de um passado já desfrutado. Não há como viver tudo o que se deseja. Não cabe naquele espaço/tempo. Mas com certeza sempre fazemos as escolhas pelo que nos é mais caro e mais urgente.

Não sei porque, mas ter muito do que os outros desejam como meta nem sempre é a resposta que buscamos como complementação às nossas carências. Você pode ter tudo o que satisfaria a todos, mas não está satisfeito por apenas algo que não tem.

Talvez o tempo de morte não seja igual ao tempo de falência do corpo. Será que alguém morre quando ainda está vivo? Alguns acontecimentos da nossa vida podem fazer isso.


E algumas pessoas nos matam mesmo sem saber. Nós apenas puxamos o gatilho. Há vezes.