terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Dois anos de Saudade

Palavras ainda continuam difíceis. Ando tentando substituir a saudade doída pela saudade terna. Não é fácil. As vezes penso que não fizemos tudo o que poderíamos. Mas, me deparo com a constatação de que, ainda que muito mais pudéssemos, não há como deter a eterna caminhada. E restam as lembranças. Aquelas do tempo em que nos levavas no colo; outras de quando caminhávamos lado a lado; e aquelas, mais doloridas (porém, não menos afetuosas) de quando colo e atenção era o teu mais valoroso e desejado apoio. Conter as lágrimas é difícil. 

Hoje, dois anos daquela noite triste. Ontem, dois anos que me estendestes os braços em um último abraço. Ah! Se eu soubesse que seria o último não teria te soltado. Mas, a gente nunca sabe.

Todos os dias reso por ti. E espero que perdoe minhas falhas como filho.

Te amo para sempre.


"Mas se tivermos alguma visão positiva do todo do qual faz parte a indesejada, insondável mas inevitável transformação na morte, depois de algum tempo o amado acomoda-se de outro jeito em nós: continua parte de nossa realidade.
            Está transfigurado, porém ainda existe.
            ‘Com o passar dos anos dói menos’, disse-me um amigo que há trinta anos perdera uma filha ainda criança.
            Conheço um pouco a Senhora Morte. Duas vezes a Bela Dona me pegou duro, (...) me jogou no chão. Foi-se a cada vez um pedaço importante de mim. Mas como em certos animais, as partes perdidas se refizeram, diferentes – não me sinto mutilada, embora a cada dia sinta em mim aqueles espaços vazios que não voltarão a ser ocupados.          
            Aprendi que a melhor homenagem que posso fazer a quem se foi é viver como ele gostaria que eu vivesse: bem, integralmente, saudavelmente, com alegrias possíveis e projetos até impossíveis."
- Lya Luft -